Homenagem publicada em forma de carta na edição de setembro da Revista 100 Fronteiras.
Carlão, o silêncio tomou conta do Sindhotéis nessas primeiras semanas sem você aqui. Aos poucos a gente tem tentado preencher a sua ausência no dia a dia do trabalho justamente com a sua marca: a paixão em acolher as pessoas, em escutar e orientar quem precisa de ajuda. Ser um ombro amigo para todas as horas.
Precisamos dizer que você tem dominado as nossas rodas de conversa. Todos aqui comentam como não tinha tempo ruim pra ti. Mas não tinha mesmo. Durante anos como presidente e diretor do Sindhotéis, todo santo dia esteve disposto a atender as pessoas; sempre atencioso, prestativo e com largo sorriso no rosto.
Só nessas horas para saber o quanto você era, continua sendo e será amado. Sua família, o povo do turismo, colegas de trabalho, seus alunos não cansam de render-lhe homenagens! Quem teve o prazer de conviver contigo, com sua intensidade, sem meias palavras e amoroso ao mesmo tempo, com certeza viveu uma história bela e engraçada.
Nós temos várias histórias do seu trabalho árduo em prol do turismo. Seremos eternamente gratos pelas conquistas históricas, como a redução de imposto para hotéis e agências de turismo; a cobrança firme do governo estadual para receber pelos serviços de hospedagem nos Jogos Mundiais da Natureza; e a ação contra a taxa de esgoto num tempo em que a cidade sequer tinha estação de tratamento.
Carlão, precisamos confessar, tão logo você partiu já começamos a rir do seu jeitão único. Amamos sua voz alta, sua boca suja, seu dicionário impublicável até mesmo nas piores revistinhas de sacanagem. Engraçado como palavras quando ditas por ti não soavam ofensivas ou grosseiras. Pelo contrário, era um sinal de carinho, comprovando a tese de quem solta um palavrão por frase é a melhor pessoa.
A gente se diverte aqui imaginando você e o seu Homero Girelli fazendo uma bagunça danada aí no andar de cima. Dois presidentes de peso do Sindhotéis, duas figuras boas de festa. Já pensaram em fazer uma festa como as confraternizações feitas para mais de 400 pessoas nos hotéis de luxo da cidade gastando apenas alguns tostões da entidade? Era ou não era lindo ver a união de empresários da hotelaria, da gastronomia, junto com colegas de outros setores do turismo?
Carlos Silva e Carlos Tavares, ambos ainda com cara de moleque – Foto: Arquivo Sindhotéis
Amigo, para nós, suas palavras ecoam forte no ouvido. Sem exagero, você sempre nos contagiou com o seu amor em atender gente, discutir boas ideias, organizar eventos sociais, visitar os empresários, participar das negociações coletivas de trabalho (diga-se de passagem, sempre com respeito ao trabalhador). Você disse certa vez: “Sindicato para mim é cachaça”! Das verdades, a mais pura.
Carlão, são muitas as boas lembranças. O melhor remédio para sua ausência é quebrar o silêncio nas salas e corredores da nossa sede com nossas histórias cabeludas. Não é possível escrever aqui nesta carta todos os “causos”. Vai que o Senhor aí de cima não gosta. Por enquanto, aqui ficamos, com saudades, sim, mas sorrindo, brincando e de coração aberto como você nos ensinou.
Forte abraço dos seus amigos do Sindhotéis!
Foz do Iguaçu, setembro de 2017
+ Carlos Alberto Tavares foi presidente da entidade em três mandatos: gestões 1994-1997, 1997-2000 e 2000-2004. Nos últimos anos exercia o cargo de diretor-executivo do Sindhotéis até pregar uma peça na gente e antecipar sua passagem ao destino celestial.